Vacinação: carteirinha atualizada, saúde protegida

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) encaminhou, nesta semana, um manifesto ao Ministério da Saúde, no qual pede que sejam tomadas providências urgentes para estimular a adesão às campanhas de vacinação. O pedido dos pediatras ocorre após a revelação de que o País não atingiu a meta para nenhuma das principais vacinas infantis, conforme dados do programa Nacional de Imunizações.
A manutenção do quadro atual configura grave sinal de alerta para as autoridades sanitárias, diz a SBP.
Em Erechim e região, o cenário também preocupa. O médico pediatra e intensivista pediátrico, Fernando Ferri, relata que a baixa procura pelas vacinas já existia antes da pandemia, contudo, após o seu surgimento, a diminuição ficou ainda mais expressiva. “Observamos que isso se intensificou, principalmente, desde março, e contempla praticamente todas as vacinas que são feitas na rede pública. O impacto direto está relacionado, essencialmente, à pandemia, sendo que a população foi orientada a praticar o distanciamento social e muitas famílias ficaram com receio de levar as crianças para receber as doses”, pontua.
Contudo, o especialista reitera que, os pediatras, juntamente com a Sociedade Brasileira de Pediatria, membros de órgãos estaduais e municipais, entre outros profissionais, sempre reforçam a importância das vacinas. “Orientamos que o trabalho de imunização mantém suas rotinas e os postos de saúde estão preparados para receber a população de modo a evitar aglomerações e intensificando os cuidados preventivos ao novo coronavírus, por meio do uso de máscara e álcool em gel que fica à disposição”, salienta.
Outro aspecto diz respeito aos horários para vacinação, sendo que muitas UBS’s estão organizando uma sistemática diferenciada para favorecer as famílias.
Dr. Fernando reitera que há uma pandemia e ficando em casa, diminui-se o risco de doenças respiratórias, por exemplo, porém, outras doenças continuam existindo. “Por isso, é essencial, mesmo em um momento crítico, como esse que vivenciamos, que as crianças, adolescentes e, também, os adultos, sejam imunizados. A vacina é uma forma efetiva de prevenir doenças mais graves. Algumas, inclusive, estavam controladas até o ano passado, como a poliomielite, o sarampo e a febre amarela, e ressurgiram, muito provavelmente pela falta de vacinação”, alerta o médico de Erechim.
Ele esclarece que há um calendário de vacinação estabelecido e toda UBS possui uma equipe que atua nesse campo de orientação sobre as vacinas. “Ao mesmo tempo, a rede privada também dispõe de um trabalho importante nesse sentido e vale ressaltar a importância de ter um pediatra de confiança para manter os cuidados com a atualização da carteirinha”, acrescenta, citando que a maior parte das vacinas é feita no primeiro ano de vida da criança, momento em que a imunidade está em amadurecimento, em fase de formação. Por isso, é extremamente importante buscas as vacinas, especialmente, nesse período.
Conscientização é a base
Está em debate no Supremo Tribunal Federal (STF) a pauta referente a obrigatoriedade de vacinação de crianças e adolescentes pelos pais. Há de se considerar, ainda, que o estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 14, §1°, já faz essa determinação, nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias.
Na opinião do pediatra, como existe uma forma de lei que orienta e frisa a importância da vacinação, pode ser complicado fazer uma imposição. “Acredito muito nas campanhas de conscientização para divulgar informações, debater e mostrar a importância de imunizar. É uma questão de postura e é possível melhorar visando o cuidado da vida desde a infância”, destaca.
Matéria Retirada do Jornal Bom Dia, 12, 13 e 14 de setembro de 2020.